quarta-feira, 29 de maio de 2013

A Estrada.

Eu temo as curvas sinuosas dessa estrada.
Enquanto chove, ouço o para-brisas reclamar
Sinto as estrias nos cantos do asfalto...
Os buracos impetuosos, traiçoeiros demais
O retrovisor tem dificuldade em avisar
As placas gritam ordens surdas, imperativas
Eu temo as ruas vazias, sem noite e com frio
O escárnio das esquinas, confusas demais
A nulidade dos corpos, vazios de outros corpos
Procurando insaciavelmente uma causa a mais
Vazios de afago, de afeto, de propósito, de amor...
Sob as marquises não chove, mas também não faz calor
Eu temo a decadência do coletivo
Pela displicência do executivo
A destreza do bandido
O egoísmo viral
Procrastinação vil
Ignorância febril
A indiferença
A demência
A ausência
A falência
O silêncio
O fim.
Enfim...


O vidro embaça e ainda não chegamos
Afinal, para onde vamos?
Eu temo as curvas...
E a estrada...

E o fim.