O tempo me
disse que um dia era pouco pra quem nada ansiava.
O tempo me
disse que uma hora era muito quando esperava a amada.
O tempo me
fez crer que o hoje é a dádiva que temos, quando o ontem já foi e o amanhã nem
sempre vem.
O tempo me
fez perceber o quanto é bom colo de mãe, como é precioso conselho de irmão e
como é gostoso comida de vó.
O tempo me
ensinou abraçar mais forte, a rir mais alto, a elogiar e valorizar as pessoas
que me cercam.
O tempo me
disse que a distância dói e a ausência mais ainda... Eu demorei pra perceber.
O tempo
sempre regeu meus passos, as horas viraram um espaço e quando veio a maioridade
eu confesso quase ter enlouquecido de vez.
Desde então eu choro o tempo...
O tempo que
se perde ao trabalhar dia após dia.
O tempo que
se despede a cada final de tarde, a cada poente.
O tempo que
corre depressa demais nos finais de semana.
O tempo a
ceifar vida, mês a mês e a cada aniversário um pouco mais.
Os verões
preguiçosos, os invernos dolorosos e então os anos se esvaem.
Sentes a
necessidade inútil de correr, correr e correr pra ver se foges do tempo... Não
adianta.
Sentes um nó
na garganta e a nostalgia das alegrias que foram e que não voltam mais.
Sentes um
saudosismo burro das pessoas as quais te afastaste por razões quaisquer.
Sentes um
abismo de medo pelo envelhecer ou pelo não envelhecer, medo de não vencer.
Sentes uma
urgência em experimentar, em permitir-se, em errar, em sentir, em tentar... Agora.
O tempo me
ensinou que nada disso funciona.
Que o amanhã
vem sempre, mesmo que não estejas presente.
E não existe
melhor ou pior forma de viver. O tempo é de cada um e cada um sabe do tempo que
têm.
A única e
inerente verdade é que o tempo pra quem conta o tempo... Acaba.
E por mais
cedo que dê a largada nessa corrida acirrada contra as horas...
Mais cedo
espero que percebas que o tempo quem conta é o tempo e só, e sempre.
O tempo vive
em ti, que um dia há de morrer... E
morre,
Sempre.