Por mil corações e orações,
pelas escadarias e corredores,
macas e leitos...
Como somos frágeis!
Escarnio do mundo,
vida sem tempero,
uísque sem gelo,
blues e choro...
Como somos frágeis!
Somos e sentimos.
E como sentimos...
Muito.
Dores
Amores
Medo
Remorso
Nostalgia
Dor!
Tudo nos dói
Tudo nos pesa
Porque somos tão frágeis
e o mundo não.
Alguns dizem “salvem o mundo”
Eu apelo “salvem os homens”
Pobres criaturas reféns da dor,
Pobres criatura mundanas demais,
suscetíveis e breves.
Tão frágeis.
A verdade é que sofremos,
Céus, como sofremos!
Por antecipar, por postergar;
por esperar, por não esperar nada;
por arrepender-se,
por vangloriar-se,
pelo sim e pelo não...
Sofremos como diabo!
O silêncio da noite
é acolhedor e sombrio, mas as manhãs lúcidas são carrascas. A rotina te surra;
o relógio e o calendário te surram.
Quando vê já se
passaram dezenove natais e não sabes que lugar é teu; e não sabes quem és, e não
sabes o que fazer... Não sabes!
A verdade é que
talvez nunca saibas, mas apanhas mesmo assim; e os anos passam, e a vida
passa.
Tudo enfim, depende
de ti e só, e sempre.
Se vai ou se fica,
se permanece ou se desfaz, se desconstrói ou se edifica...
- Não sei, não sei!
Somos frágeis e sofremos.
"Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus
olhos resplandecem enormes.”