Caiu a ficha...
Estremeci
ao reconhecer o tilintar do cair.
Estremeci
ao sentir o chocar da metálica peça
ao chão.
Figurativamente,
senti a coisa bater em mim como uma chuva de pequenos pesos de chumbo.
Senti
cada hematoma que aquele ‘chocar-se’ pudera me aferir, e senti mais, senti o
sangrar das feridas abertas e das cicatrizes perpétuas das dores vãs, senti mais do que deveria
com certeza.
Mas
que culpa devia ter se teu partir me dói feito navalha mal-afiada ao cortar
dura carne?!
Tu
te vais e devia eu felicitar tua partida e saudar tua vida bebendo um vinho ou
talvez um conhaque, brindando tua conquista.
Riríamos
dos dias em que juntos compartilhamos histórias banais, momentos fugazes, abraços eternos, chás e
segredos, cigarros e uísques
sem pressa ou presságio.
Mas
no final, eu sei, choraríamos tua partida... E choraremos.
Por
mais que voltes ano que vem ou no outro, a tua ausência é mais que simples
falta.
Tua
ausência é a minha incoerência talvez, minha falta de abrigo na certa, a busca
infindável pelo abraço
que não
está
ali, a fuga que eu preciso pra respirar e que não mais esperará com um chá em mãos e braços abertos, é o
meu colo indo embora.
Mas
segurarei o choro e te direi para que sigas sempre o caminho que escolhestes
sem gaguejar meias palavras.
Vou
dizer que sempre estarei aqui e que amanhã
ou depois vou ao teu encontro só pra saber que tudo está bem.
Vou
então
olhar teus olhos brilhosos e tuas feições
acolhedoras, sabendo que sempre seremos nós e que sempre estaremos um para o
outro bem como é desde que nos cativamos uma primeira vez.
Não vou agradecer por ser meu irmão, por me carregar no colo, por
dividir-se comigo e me aceitar em contra partida. Jamais agradecerei pelos
conselhos, pelo silêncio, pelos abraços,
pelos momentos, por tudo e por nada obrigada... Obrigada por existir.
Eu
te amo e também odeio despedidas.