segunda-feira, 11 de abril de 2016

te(a)m(or)

em cada gesto teu
em cada sorriso meu
naquela cachaça artesanal servida antes do almoço
no feijão e em cada tempero minuciosa e intuitivamente escolhido
na música embalada pela meia luz, também naquele copo d´água ao lado da cama
na tua ausência materializada pelo travesseiro frio e sem cheiro (na falta que dói)
nos domingos preguiçosos, suados de prazer e clima temperado, na brisa que amansa
no despir acariciado, as vezes apressado, salivado e sedento (me devora pelo avesso)
no teu rosto adormecido enquanto eu ainda mexo no teu cabelo, te olhando com poesias inteiras
nos encontros e nas despedidas, nas preocupações e no ciúmes disfarçado em clichês
no teu tabaco enrolado
no meu café sem açúcar
na tua barba aparada
no pescoço, na nuca
nas minhas costas expostas
na janela que deixa a lua entrar sem querer
na mistura do meu corpo com o teu corpo (no prazer)
nas roupas perdidas pelo chão, na cama revirada, no colchão
em cada palavra dispensada, em cada toque em forma de soneto

-eu deixei sem querer um pedaço, por conta do cansaço de certo, segura contigo.

em tudo que nos faz, nos fez, nos trouxe até aqui...

-tem café?

-tem sim, amor.

(Luiza)