Sequer conseguia pensar em poesia qualquer que não fosse piegas demais
Eu peguei gosto por esse lado brega foi depois dele sabe..
Qualquer bossa ou bolero, qualquer versinho de Chico e eu desmanchava
"e eu que era triste, descrente desse mundo ao te conhecer eu descobri o que é felicidade meu amor"
Até se me alcançava o copo d´água de cima da estante eu num instante marejava olhando aqueles olhos
Eu entendi os loucos dos matrimônios com suas exuberâncias e crenças depois dele
Pensava na dureza da despedida e cada vez de partir eu queria era morar naqueles braços
As vezes, no meio da conversa, eu desligava a cena e me perdia no movimento de seus lábios
Pensando em como seria se morássemos juntos e, o medo de tudo desandar, me fazia voltar de súbito
Ele falava sobre músicas, sabores e lugares que eu nunca experimentei e eu maravilhava calada
Esse fascínio é coisa besta demais como pode sermos capazes de, conscientes, nos deixarmos hipnotizar?!
E somos. E acontece. E sucumbimos.
Depois dele eu quis ser mais dona de mim. Porque eu nunca fui dele e nem ele meu, nos doávamos em consentimento por querer doar-se... Por querer ser cada um mas em comunhão, sabe?! E eu desconcertei com isso.
(Luiza)