sexta-feira, 23 de março de 2012

Acorda!

Em meio àquele abraço regado de algumas lagrimas… Ele sussurrou ao pé do ouvido dela: “Querida, a vida é um sopro, a vida é um nada… Então corre, e não deixa de lado o que tu gosta, porque no fim das contas isso é o que importa de verdade!”
Só eu sabia a dimensão daquelas palavras, o quão forte bateram em meu peito. Senti ecoarem e o silêncio que veio depois trouxe a plenitude que há tempos tenho buscado.
Vai e faz o que queres pois é tudo da lei… Raul Seixas.
Atirei-me na cama e divagando fiquei a olhar as paredes poluídas de adesivos e fotos. Fotos de pessoas com as quais provavelmente não voltarei a conviver, mas, cuja importância as fez estar ali, materializadas, petrificadas.
Estava exausta, esvaída, pesada demais… Não que o dia tivesse sido muito duro, quer dizer, os dias em si vem sendo bem difíceis, mas meu cansaço era outro, era o nada pesando, era minha inércia. Era eu saturada de estar estagnada entre o “fui” e o “sou”, e sinceramente, não vinha “sendo” muito…
Andava por aí existindo, assim, aos poucos, sem fazer muita diferença pra alguém. Alguns sentiam minha falta, eu acho, não sei.
- Mas o que me fez acordar, definitivamente, foi sentir falta de mim mesma.
Comecei a me procurar. Meus retalhos, o que tinha sobrado de mim… Encontrei meus restos meio comidos por traças, deixados de lado, esquecidos… Quando foi que eu me perdi?
O que eu estava esperando? Quem eu estava esperando?
A vida é breve, e o amor mais breve ainda… Mario Quintana
Passou um carro na rua, nota se pelo feixe de luz que invade o quarto através das frestas na janela.
É a vida… um feixe breve de luz em silêncio.

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