sexta-feira, 23 de março de 2012

Inerte, não existo..

 Ando com uns ares, esses de fugir de tudo, esses de fugir do mundo, porém, nenhum lugar é longe o suficiente para que eu fuja de mim. Não me suporto mais, não caibo em mim, não sei conviver comigo e toda essa minha inconstância somada à vontade de ser não sei bem o que.
 Seria tão mais fácil deixar de ser, assim, simplesmente fazer o caminho inverso da frase “penso logo existo”… Parar de pensar, parar de existir.
 Ontem mesmo; enquanto empunhava uma taça de vinho e reclamava aos céus.. reclamava à lua na verdade, sempre tenho a impressão de que alguém lá me assiste, me escuta, e inerte nada faz a meu respeito.. percebi que inúteis são, todas as minhas queixas senão para aliviar de mim a culpa por não ser nada, além de um peso no universo.
 Não faço diferença e provavelmente você também não faça, sequer aquele ser que habita a lua faz.. somos encargo, somos excesso de bagagem. Eu me sinto assim às vezes, logo passa, mas é bom cuspir isso por aqui.
 Penso que todo ser humano já quis prestar pra algo que fosse além do clichê “nascer, crescer se reproduzir e morrer”… Já quis mudar o mundo, já quis realmente mudar as coisas, e mais, pensava em como, efetivamente, o faria.
 Planos revolucionários, um jeito de terminar com a fome na África, salvar animais em extinção, cursar medicina e ajudar feridos de guerra, invadir o plenário, viva o anarquismo e afins…Enfim, coisas que hoje, a essas alturas deste sórdido campeonato, já não fazem sentido algum pra mim.
 Eu era tola, de sentimentos e cabeça pura, coração intacto, amando o mundo e as pessoas… Hoje, bom, hoje já não posso dizer o mesmo que antes dizia sem pestanejar… não sei mais ser aquele ser que antes aqui habitava. Não sei se o perdi ou se aqui iberna oculto em minhalma.. só ando por aí existindo e sendo às vezes sem querer, às vezes desgostosa comigo e com o mundo, transitando entre extremos, escrevendo palavras aos ventos..
interrogações, exclamações, reticencias.

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