Ando com uns ares, esses de fugir de tudo, esses
de fugir do mundo, porém, nenhum lugar é longe o suficiente para que eu
fuja de mim. Não me suporto mais, não caibo em mim, não sei conviver
comigo e toda essa minha inconstância somada à vontade de ser não sei bem o que.
Seria tão mais fácil deixar de ser, assim, simplesmente fazer o caminho inverso da frase “penso logo existo”… Parar de pensar, parar de existir.
Ontem mesmo; enquanto empunhava uma taça de vinho e
reclamava aos céus.. reclamava à lua na verdade, sempre tenho a
impressão de que alguém lá me assiste, me escuta, e inerte nada faz a
meu respeito.. percebi que inúteis são, todas as minhas queixas senão
para aliviar de mim a culpa por não ser nada, além de um peso no
universo.
Não faço diferença e provavelmente você também não
faça, sequer aquele ser que habita a lua faz.. somos encargo, somos
excesso de bagagem. Eu me sinto assim às vezes, logo passa, mas é bom
cuspir isso por aqui.
Penso que todo ser humano já quis prestar pra algo
que fosse além do clichê “nascer, crescer se reproduzir e morrer”… Já
quis mudar o mundo, já quis realmente mudar as coisas, e mais, pensava
em como, efetivamente, o faria.
Planos revolucionários, um jeito de terminar
com a fome na África, salvar animais em extinção, cursar medicina e
ajudar feridos de guerra, invadir o plenário, viva o anarquismo e afins…Enfim, coisas que hoje, a essas alturas deste sórdido campeonato, já não fazem sentido algum pra mim.
Eu era tola, de sentimentos e cabeça pura, coração
intacto, amando o mundo e as pessoas… Hoje, bom, hoje já não posso
dizer o mesmo que antes dizia sem pestanejar… não sei mais ser aquele
ser que antes aqui habitava. Não sei se o perdi ou se aqui iberna oculto
em minhalma.. só ando por aí existindo e sendo às vezes sem querer, às
vezes desgostosa comigo e com o mundo, transitando entre extremos,
escrevendo palavras aos ventos..
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