quinta-feira, 16 de agosto de 2012

À Inutilidade das coisas


Brindemos pois, à inutilidade!

Pois somos nós que pensamos tanto, inúteis.
Somos nós que fazemos tanto, inúteis.
São os músicos também, reféns.
São os poetas, junto ao conjunto.
São os filósofos, consolos tolos.
Como todos também somos...
Inúteis.

De que serve?
Questionar a vida
De que adianta?
Esse nó na garganta
Na jugular
Presos entre o ser e não ser
Condenados a caminhar
A existir e a recordar
Ao subjugar
Estar e parecer, para ser
Quando em verdade todos somos...
Inúteis.

Brindemos pois, à inutilidade.

Modesta e vil
Rechaçada
Maldita e febril
Retardada
Que orgulha e enoja
Faz-se necessária
Mesmo que ordinária
Ociosa vítima da situação
Quando culpados todos somos...
Inúteis.

Brindemos.

Ao uísque e a bebedeira
À mesquinharia ou a qualquer besteira
À sacanagem e a toda brincadeira
Que afrouxa o riso
Que gargalha!
Pois o inútil é um improviso
E todos somos artistas
E todos somos cubistas
Surrealistas
Anarquistas
Socialistas
Psicopatas
Analistas
Loucos.

Brindemos!

Brindemos, nós, aos que não são senão...
Brindemos a nós, que não somos senão...
Brindemos às coisas, que nada são além de...

                                                                              Inúteis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário