sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Solidão Coletiva


Massagear o ego é besteira.
Você está errado.
Você é o cerne do problema.
Você é a bola de neve.
Seus dramas não importam.
Suas lágrimas não tocam.
Estás sozinho e a solidão dói.

Não há remédio, porém, remediado está.
Aceita, pois, tua tosca verdade.
Não tens importância; não pesas.
Sobreviva vivendo, não há espaço pra choro.
Essa corrida é amarga, ninguém vai te dar colo.

Sua psicanalista lucra, não se importa.
Seu pastor lucra, não se importa.
Heróis não existem, não há monstros no escuro.
Ninguém te assiste. Ninguém te observa.
Teu marasmo é teu e só, teu ócio particular.

Sentes frio, sentes sede, sentes as entranhas dilatarem de prazer e ódio.
Ninguém vê ninguém ouve, ninguém atende tuas preces.
Aquele santo de barro no altar da sala... É oco.
As penitências, ave-marias, pai-nossos... É pouco.
Teu corpo perece e também te abandona.
As horas correm, os verões passam e ainda sentes frio.
O frio da espera vã pelo conforto do descanso infinito.

Te prendeste aos limites menos aflorados de narciso
Te prendeste aos prazeres carnais dos pecados capitais
Prendeste a ti mesmo neste ciclo insuprível de quereres.
Mas ninguém liga; ninguém nunca ligara; ninguém nunca ligará.
Massagear o ego é inútil.

Ficaste sozinho, a luz apagou, o frio acabou
A vida exclamada, aclamada e querida
Não passou de ilusão que já passou em vão.
Uma renúncia, uma promessa sem recompensa
Deixaste os valores todos numa dispensa
Deixaste os desejos todos num cofre...
Sofres.

Mas ninguém vê, ninguém ouve, ninguém sensibiliza.
Ficaste sozinho e no escuro teus olhos úmidos cintilam
Calados demais, donos de toda dor que é só tua
E que ninguém viu, ninguém notou
Massagear o ego...

Pra quê?

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