Ouve-se gritos da sala de espera.
Murmúrios, apelos, rezas.
Há um desespero na sala de espera;
nas cadeiras metálicas,
no chão emborrachado,
nas paredes velhas,
nas portas automáticas.
Cansam-se as pessoas na sala de espera.
Reclamam, tossem, doem, choram.
Os velhos com seus olhares
marejados sabem.
Não há saída na sala de espera,
não há jeito qualquer,
senão esperar,
esperar e esperar.
A calma fugiu há muito daqui;
horrorizada com a descompaixão,
com a frieza dos que fazem
a sala esperar.
E as pessoas na sala de espera
continuam a aguardar
Guardando a dor e compartilhando
insatisfações
Não há diferença alguma
entre as pessoas na sala de espera
que esperam
que sentem
que precisam
que doem.
Aos que nada podem senão
ansiar o chamado ecoar
do próximo a ceder lugar
ao próximo que irá
esperar.
Vida e morte,
mais um meio termo qualquer
que transita entre
tosses,
espirros,
febres e
disenterias.
Coabitando
harmonicamente
a sala das emergências.
- As pessoas na sala de espera continuam ali ...a esperar.
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