quarta-feira, 30 de julho de 2014

S/M orte


Mesmo que eu ande, que eu rasteje, que eu nade, que eu vague
E vagueio, em fato, sem freio, sem rumo, sem qualquer paradeiro
Não deixo de sentir o existir dolorido, colorido, rubro-de-sangue
-Vivo!

Talvez esse doer seja, em verdade e enfim, a definição do ser e o prelúdio do que eu sou
A intensidade do sentir delimitada a precariedade que tenho para com o ato de sorrir
Mesmo que a felicidade venha visitar ainda acho bobagem, reles engano, penso:
-Errou a porta...

Por não me adequar aos momentos confortáveis e aos sorrisos sem horas, sem glórias
Constantes, cintilantes, escancarados, escrachados, descompassados, plásticos demais
Logo meus dentes que só conhecem o ranger, o trincar, o tensionar até doer o maxilar.
-E o morder. O intenso e raivoso morder...

Mas talvez haja flor ao amanhecer, num dia qualquer que não desejarei esquecer
Poderei libertar-me das doenças mundanas demais, das guerras todas e da fome também
Dia em que a paz não haverá de ser só um trote e a ligação do universo se fará mais forte
Dia esse em que num brindar, cuja taça hei de beber e saudar, com todo amor...
-À morte!

Buscas incessantemente a sorte
Sem saber que o que esperas virá.
Mesmo que fujas e que negues
Um dia sorrindo te buscar, virá...
A morte.

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