terça-feira, 5 de agosto de 2014

Cinzas



Aprender a sofrer
Aprender a viver
Aprender a morrer

O céu cinza faz lembrar
Dos dias, cinzas, sem luar
Das vidas, cinzas, sem amar
Dos muros, cinzas, longe do mar

Tudo preto no branco, insaturado
Tudo confuso e torto, revirado
Tudo complexo e oco, inexplicado
Tudo é pouco e tudo é meio morto
Queima em cinzas

Gritos roucos de surdos loucos ecoam sem pausa
Estás, há muito, muito longe de casa
E mesmo já tarde não consegues dormir
Ainda escutas a penumbra das ruas
Surdos, loucos, cinzas...

Multidões desconexas rumam
A um mesmo fim
Por um mesmo meio
De um mesmo início
O relógio é um precipício
Não há tempo.

O silêncio raro não acalma mais
Viramos o desassossego
Reféns do caos e do medo
E algo de misterioso se esconde
Não há tempo.

Ninguém explica a dor
E ninguém sente igual
Mas tudo sofre e tudo dói
E todo sofrer corrói
A humanidade
Às cinzas

Aceitar o sofrer
Aceitar o viver
Aceitar o morrer

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