Aprender a sofrer
Aprender a viver
Aprender a morrer
O céu cinza
faz lembrar
Dos dias,
cinzas, sem luar
Das vidas,
cinzas, sem amar
Dos muros,
cinzas, longe do mar
Tudo preto
no branco, insaturado
Tudo confuso
e torto, revirado
Tudo
complexo e oco, inexplicado
Tudo é pouco
e tudo é meio morto
Queima em
cinzas
Gritos
roucos de surdos loucos ecoam sem pausa
Estás, há
muito, muito longe de casa
E mesmo já
tarde não consegues dormir
Ainda
escutas a penumbra das ruas
Surdos,
loucos, cinzas...
Multidões
desconexas rumam
A um mesmo
fim
Por um mesmo
meio
De um mesmo
início
O relógio é
um precipício
Não há
tempo.
O silêncio
raro não acalma mais
Viramos o
desassossego
Reféns do
caos e do medo
E algo de
misterioso se esconde
Não há tempo.
Ninguém
explica a dor
E ninguém
sente igual
Mas tudo
sofre e tudo dói
E todo
sofrer corrói
A humanidade
Às cinzas
Aceitar o sofrer
Aceitar o viver
Aceitar o morrer
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