A neblina desce sobre as montanhas
Seres vagueiam
em meio às multidões
Uma nulidade
de corpos oblíquos
Difusos de
suas carrancas e medos
O sol
esconde-se dissimuladamente
Por entre as
coxas estéreis da lua
Adentrando o
ventre da noite
Cachorros
perdem seus rumos
Os gatos
acordam num susto
Suspiros
ecoam lajeando o cansaço
Amantes não
mais amarão
As horas
estagnarão num nó
Despedem-se
os colegas do labor
Cinismos dão
vazão ao maxilar leve
Não há mais sorrisos vãos ou telefonemas
Os sinos
tocam arrependidos do pesar
Pássaros hão
de, penosos, voltar
Silenciando
o torpor das esquinas
Impregnados
do zumbir diário, os sensíveis
Recolherão
suas carcaças do flagelo
Preferindo a
procrastinação ao descompasso
Cortinas de
horas pairam sobre ombros
Indecifráveis
obrigatoriedades
Lágrimas se
recolhem e nada se pode sentir
Postergarás
as horas póstumas, cimentando
O dó da
canção do exílio e da dor
Eximindo os
vermes de qualquer carniça-fria
Fervendo o
sangue e pulando os cordões
Chegando a
tempo paras as últimas lotações
Findou-se mais uma tarde e eu, covarde,
fugi.
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