Tonta e
desnorteada entro no carro e calo.
Talvez tenha
excedido a bebida, perdi a conta dos copos.
O movimento
e as luzes me embrulham o estômago.
Tu me olhas
com teu comum ar de reprovação,
Desgostosa
com minhas ações, julgando meu andar.
Discursa
sobre um possível futuro brilhante que eu poderia ter.
Mas que,
pelo meu portar, jogava aos ares todo brilho por vir.
Eu ligo a
música ainda muda e dou risada por dentro.
Questiona se
tomei meus remédios e me aponta que,
De nada
adiante se eu jogar uísque em cima.
Olho a
carteira de cigarros e, num pigarrear, percebo que estou ficando sem.
De canto de
olho, mantendo as mãos no volante, dizes que estou fumando demais.
E logo indagas
sobre aquelas meditações que a terapeuta havia receitado,
Inspira
contando até cinco, expira contando até sete, inspira, expira... Não.
Com o suco
gástrico batendo na garganta eu abro o vidro e respiro engasgando.
Antes que
sibile a próxima sentença eu te olho nos olhos e peço que pares o carro.
Começo a
discutir contigo, sobre como eu não preciso que cuides de mim.
Que não
preciso de cura e que talvez vá morar na rua, dependendo de como a vida correr.
Fecho os
punhos e começo a chorar, grito que não preciso me curar, que isso tudo sou eu,
que se escolher viver no breu é decisão minha e só.
Mas ao abrir
os olhos percebo que todo ódio e todo medo eram meus apenas.
Que em
verdade, dirigia pela cidade em silêncio e só...
Sozinha no
carro, o tempo todo.
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