quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Mexendo nas Gavetas

Olhei pro lado e não te vi.
Estranhei por não lembrar o porquê.
Estranhei não saber onde foi que errei.
Sequer vislumbro o fogo apagando...
só sei que pra te ver, hoje olho pra trás.

-Te pedi pra ficar? Não lembro...

Engraçado,
tanta coisa hoje faz sentido.
Tanta coisa,
em contrapartida, não fora sentido.
Fez falta, talvez,
algumas palavras não ditas,
qualquer choro contido,
uma briga aqui outra ali,
um ciúme besta quem sabe?!

O fato é que eu não consigo saber,
quando foi que a gente se perdeu
um do outro...

Jurei que tínhamos tudo
e que podíamos tudo.
Jurei que a velhice viria nos visitar
e repararia nos azulejos
da sala de jantar,
que haveríamos escolhido juntos.

Mas agora vejo,
numa lembrança meio apagada,
já era madrugada,
quando decidistes partir.

Vestiu-se ligeiro.
Olhou-se no espelho.
Beijou-me a face, sem sorrir.

Numa, clichê-blasé, pausa dramática,
sibilou tão cínico, com ares distintos:
"não te quero mais, amor"

-Que dor, diabos, que dor!

Sumiu-se dali,
como quem recusa a sobremesa.
Ainda deixou, que frieza,
calor e perfume no teu lado da cama.

E eu, rainha do drama,
engoli toda a trama e esqueci por completo.
Hoje te encontro no "bar do Beto" e,
maldito seja, me afogo em lágrimas e vinhos baratos...

Regurgitando as lembranças
guardadas na gaveta,
cuja resposta da pergunta falta.

História incompleta,
com culpado em penitência;
alego minha inocência e
culpo cego..
O ego.

-Fica...

Por que diabos eu não te pedi pra ficar?!!!

(Ana Cristina ou Carolina)

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