sexta-feira, 23 de março de 2012

Aconchego

-Como seria bom estar em casa.

E então, eu sentaria em minha mais confortável poltrona reclinável, tendo em mãos dois-quartos de uísque/um-quarto de gelo, enfileiraria alguns bons filmes que há tempos penso em assistir… O primeiro é sempre drama.
O gato pula em meu colo sem qualquer cordialidade, sem qualquer “Por favor” ou “Com Licença”. Calmamente ele se aninha sobre mim acionando seu motor de ronronar… Permissiva, calo.
A mocinha previsivelmente chora, lamenta, desolada, consolada pelo gentleman da história.. Eu bocejo e acaricio o felino, provavelmente um reflexo inconsciente sobre minha carência afetiva.. Tanto faz, dou-de-ombros.
O uísque chega ao fim, e o filme agora é suspense.
Ponto de interrogação, trilha sonora clichê.. Pensa-se “Cuidado. Atrás de você!”, tolos protagonistas, sempre entram naquela casa escura e velha onde, por um acaso, está o assassino em série.
Sirvo mais uma dose, pisco um olho no relógio, quase quatro, o gato pula do meu colo e miando reclama sua fome insistentemente.. Eu também estava com fome, pausei o filme.
Algumas pipocas depois e então o filme era comédia. Pouquíssimas comédias são realmente boas, mas, quando são, tornamo-nos íntimos dos personagens. É como se associássemos a algum tio engraçado, alguma prima bizarra.. Enfim.
Peguei no sono. Ainda com o gato. No sofá mesmo.
Já são quase sete, mas não importa…

-Como seria bom estar em casa!

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