A vida se torna um jogo sem nexo algum quando os sentidos todos se contradizem ou pior, se desfazem..
Filha mais velha, pais separados, casa dos avós
desde os 6 anos de idade.. Escreveria com facilidade um livro de
crônicas trágicas a respeito dessa figura que vos falo, calejada pela
vida, surrada por tudo e por todos..
Os mais otimistas costumavam dizer que ela sobreviveria, os realistas, que jamais poderia dar certo..
Pai alcoólatra estourava “pedra” na lata, se
contrariava, se contradizia.. sempre sem rumo, se algo o incomodasse era
ela quem pagava penitencia.. Apanhava sem saber porque, sem que
houvesse sequer um porque..
Pulava a janela, fugia de casa, qualquer lugar era
refugio, qualquer canto era mais lar que a casa em que morava.. corria
pras ruas.
Aos doze já não era mais virgem, a vida lhe roubou
isso, esses caprichos e noções que as garotas costumam ter, não, ela era
simples de viver.
Aos quinze debutou na cadeia, presa por pichação pagou com serviços comunitários.
Aos dezesseis, repetente, largou a escola e foi trabalhar.
Era briguenta e não costumava levar, desde muito
cedo aprendeu que se apanhasse na rua apanharia o dobro quando chegasse
em casa…
Mesmo em meio a todo o turbilhão no qual costumava
navegar, sempre fez questão de ensinar certo e errado aos seus irmãos
mais novos e, com a mesma psicologia com a qual fora educada, batia
neles se saíssem da linha..
“moleque, faça o que eu digo e nunca o que eu faço..”
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