quinta-feira, 21 de junho de 2012

Cidade


E no marasmo da cidade ainda cabe:

Mãos entrelaçadas
Pessoas abraçadas
Apressadas
Atrasadas..
Passado nas calçadas
Histórias sussurradas
Protesto nas sacadas
Sentimentos
Sofrimentos
Só um momento
Um só lamento
Uma prece
Não apresse,
Há tempo!

Há...

Lágrimas nas partidas
Abraços nas despedidas
Sorrisos nas chegadas.
Saudade...
Humanidade.
Um pouco de piedade
Um toque de alegria
Um resto de felicidade
Simplicidade,
Simples cidade.

Ainda há.

Esperança
Nas crianças
Nossa herança.
Nas esquinas
Nos meninos
Entoando hinos.
Nas meninas
Tão leves
Tão breves...
Lindas!

E ainda haverá.

Conversa nas paradas
Conselho das estradas
Da vida
Da lida
Das vindas
Na cegueira da sociedade
No bucolismo da idade
No amanhã.

Ainda há de haver...
Vida!

Mendigos
Perdidos
Bandidos
Perigos
Aguce os sentidos...
Verás.

Sempre houve.

Para e ouve
A voz da rua, que diz
Que sempre há...
Uma nova chance
Um último lance
Um olhar de relance
Um enlace.
Não deixa que passe.
Quebra a corrente
Simplesmente,
Simples-mente.

Sempre haverá...
Gente.

Pois no coração da cidade, tudo cabe.
Todo inquilino, sempre sabe
Da ferida, que ainda arde
Do suspiro, ainda que tarde
Pra que tanto amor nunca acabe
É preciso reserva
Ideais são idéias
Que concebes
Enquanto observas...
Não percebe?

Não vê?!

O marasmo da cidade sempre esteve em você.

Cães e ratos
Bueiros-buracos
Calçada e asfalto
Poste-semáforo
Luz...
Cruz...
Pranto num canto.
Uma oração que aqueça
Uma canção que esqueça
Droga que mata
Bebida barata
Sacola plástica
Solução prática
Esmolas, inglórias
Senhoras, simplórias
Sem horas.
E quando tu olhas,
Enquanto tu esnobas,
Não enxergas.
Não vê.

A cidade tem vida mas nunca ousou te dizer..
Você não vive na cidade, ela que vive em você.

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