quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Não é seguro viver


E no final de toda história
Quem é que vai ficar com a glória?
Eu me pergunto
Quem é que vai ficar com tudo?

Os dias eram intermináveis
E a noite era cruel
O frio despia os medos
Os medos expunham os monstros
As vidraças quebradiças guardam,
Mas não escondem...
Não é seguro viver.

A tarde, arbitrária, de nada serve
Se não antecede majestoso pôr-do-sol
O ângulo da esquina de nada serve
Se não protege a figura que habita
O semáforo metafórico de nada serve
Se não render uns trocados à plebe
Se não expuser o motivo da greve
Se não flertar com um desconhecido
Se não lembrar o que tinha esquecido
Se não ouvir os sons despercebidos
Se não responder aos breves sorrisos
Se não acolher.

Ouvidos musicistas de músicos repentistas
Aliviam velhos mártires insensíveis
Invisíveis
Pretos
Pobres
E com fome
E com cede
Sabe-se lá de que.
Querem circo e roupas da moda...
Será?!

Condicionados a precariedade
De uma existência sedenta
Mas de aparência suculenta
Cheirosa
Colorida
Atraente
Vil...
Inventada.

Sabes o que queres
Porém, desconheces o que precisas
E precisas de muito
E desconheces muito
Lhe foi privada a morte e a vida
Lhe foi privada a escolha e a partida
Ficas e assiste
Ficas e aceita.

O prelúdio do amanhecer de nada serve
O café com leite
O pão com manteiga
De nada servem
O despertador pontual
O banho frio opcional
De nada servem...
Ainda dormes.

Mas caminhas,
Nem sabes pra onde
Mas caminhas,
Nem sabes porque
Mas caminhas,
Ainda dormes.

E nada serve.
E tudo basta.

E no final de toda história, eu me pergunto

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