quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Falta de Calor


E só de olhar o vento surrar as pessoas na rua, e a chuva miúda que batia feito açoite, e a noite que caía feito navalha afiada a decepar cabeças inocentes... Me deu um nó. Cego-surdo-mudo, nó que não desatava mais; que arranhava a garganta com a fúria e as garras de mil gatos selvagens, e a saliva amedrontada não quis descer... Eu engasguei. 
Sob o fel das horas duras e sem sal; refém da inércia que é fruto da espera ociosa; cúmplice de todos os rostos estranhos que passam na rua, apressados demais, ocupados demais, alheios demais... Culpados. 
Mas esse nó na garganta vai e volta sem sibilar ruído qualquer; esse nó na garganta, que parece mais uma alergia caprichosa, me põe a pensar e pensar e pensar... Fruto das dores dos dias de frio; sem amores; sem flores; sem cores...

- A primavera está tardando a chegar esse ano. Sentiu?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário