Sou a ressaca em horário de expediente
Sou o impulso do inconsequente
Sou a febre por baixo das vestes da virgem
Eu sou.
Sou a tempestade num copo d'água
Sou mil taças de cristal estourando em sintonia
Sou, de mil gritos de dor, a sincronia
Sou o espinho do cactos e também da flor
Sou o não-correspondido amor
Eu sou.
Sou estrondoso trovão na madrugada
Sou frio, sou fome, sou cede
Sou a morte da amada
Sou a guerra mundial
Sou derrame cerebral
Eu sou.
Sou noite de insônia em dia de prova
Sou o telefone que não toca
Sou o despertador quebrado
que não para
não para
não.
Sou a eminencia do ser vão
Sou a arritmia de um doente coração
Sou a lâmina do suicida
Sou o medo da vida
Sou matar
e morrer
Eu sou..
Sou o avião que caiu no mar
Sou a interrogação da origem de tudo
Sou o universo inteiro no mudo
Sou a ausência daquele olhar
Sou o filosofo a divagar
Sem resposta
Sempre.
Sou a indiferença do próximo
Sou a desconfiança de tudo
Sou todo azar desse mundo
e mil gatos pretos a miar..
e contorcer..
e arranhar..
Sou o abutre a espreita
Sou o lado feio do muro
Sou um labirinto profundo
Sou procurar sem nada saber
Sou a angustia da felicidade desfeita
Sou tudo que te faz enlouquecer..
Vai resistir ou ceder?
Eu sou...
o Caos.
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