segunda-feira, 28 de abril de 2014

Caos

Eu sou a inquietude dos pássaros ao findar de mais uma tarde
Sou a ressaca em horário de expediente
Sou o impulso do inconsequente
Sou a febre por baixo das vestes da virgem
Eu sou.

Sou a tempestade num copo d'água
Sou mil taças de cristal estourando em sintonia
Sou, de mil gritos de dor, a sincronia
Sou o espinho do cactos e também da flor
Sou o não-correspondido amor
Eu sou.

Sou estrondoso trovão na madrugada
Sou frio, sou fome, sou cede
Sou a morte da amada
Sou a guerra mundial
Sou derrame cerebral 
Eu sou.

Sou noite de insônia em dia de prova
Sou o telefone que não toca
Sou o despertador quebrado
que não para
não para
não.

Sou a eminencia do ser vão
Sou a arritmia de um doente coração
Sou a lâmina do suicida
Sou o medo da vida 
Sou matar
e morrer
Eu sou..

Sou o avião que caiu no mar
Sou a interrogação da origem de tudo
Sou o universo inteiro no mudo
Sou a ausência daquele olhar
Sou o filosofo a divagar
Sem resposta
Sempre.

Sou a indiferença do próximo
Sou a desconfiança de tudo
Sou todo azar desse mundo
e mil gatos pretos a miar..
e contorcer..
e arranhar..

Sou o abutre a espreita
Sou o lado feio do muro
Sou um labirinto profundo
Sou procurar sem nada saber
Sou a angustia da felicidade desfeita
Sou tudo que te faz enlouquecer..

Vai resistir ou ceder?

Eu sou...
o Caos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário