Perdi
a noite.
Logo
eu, inimiga das manhãs.
Refém
das tardes.
Perdi
a noite...
Eu,
cheia de ânsia
de ti.
Deixei
morrer as horas póstumas.
Deixei
a manhã
me cansar e a aurora me caçar...
Cedi.
Caí
morta nos braços
da noite.
Noite,
minha melhor amante, minha meretriz,
Chorou
meu fálico cerne imóvel.
Quisera
não
ter cedido, mas já tarde lamentei.
Nada
mais me cabia, a não
ser a morada na inércia,
No
ócio imprestável, no inútil e no inutilizado.
És inquieta, por isso sonhas.
És insaciável, por isso sofres.
És a emoção do que te possibilitas ser.
És a antítese de uma convenção banal:
O tempo.
-Vejo
no escuro das noites, conforto e paixão.
E
no claro dia, tristeza e melancolia.
Vejo
a fadiga e a carrasca rotina, castigar tudo que o relógio toca.
Vou
pro meu esconderijo, na minha noite enluarada.
Não haverão de me achar por nada!
Nem
relógio, nem despertador, nem rotina.
Vou
pra debaixo da penumbra beber um pouco de vida.
Me embriago,
Cambaleio.
Me embalo,
Saio
de mim...
Mas
o dia não.
O claro-dia me pega pelas mãos e grita baforando o pior dos hálitos matinais:
-Acorda!
O
dia é uma ordem.
A
noite é uma escolha.
O
dia acolhe a preguiça.
A
noite aos prazeres atiça.
A
noite é psicodélica.
O
dia é careta.
A
noite é maçã
proibida, que não
relutei em provar.
Desse
dulçor
sou dependente e deste mal inconsequente,
Hei
de morrer ou matar.
Não importa.
Anoiteceu e eu...
Cedi.
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