Todo dia quando acordo é a mesma
coisa...
Discuto comigo e arrumo mil e
umas desculpas possíveis pra continuar na cama. Divago por uns quinze minutos
entre prós-e-contras e, por mais que os prós sempre vençam, abro os olhos e
saio do aconchego, da minha tão prezada zona de conforto... A única talvez.
Meio moribunda, meio mortificada,
meio amarga, amassada, arrastada... Fico verticalmente posicionada e,
mentalmente citando cada palavra suja que conheço, visto uma roupa qualquer com
um tênis qualquer pra minha cara qualquer; largo uma água no rosto evitando o
espelho, o reflexo doloroso com as olheiras profundas mais o inchaço dos olhos
e lábios; escovo meus dentes logo após retirar a placa de acrílico que os
protege do ranger noturno, da aflição natural que carrego... E saio.
Saio praticamente sempre
atrasada, corro pro carro ultrapasso acelero freio... A maior agonia do dia,
depois do sair da cama, esta no sair de casa, no olhar para o céu e ver que
ainda está amanhecendo, que a noite ainda está ali de alguma forma e que a lua
está ali com seus ares de deboche, se despedindo e bocejando na minha cara... Bocejo de volta.
Mês passado tinha o habito de fumar um cigarro no trânsito; impressionava
como sempre dava o tempo certo de chegar ao trabalho... Mas agora larguei, e
vivo com umas pastilhas pra garganta sem métrica nenhuma que não contabilizam
ou cronometram coisa qualquer, só derretem enquanto vão amortecendo a língua e
aliviando a dor na laringe arranhada.
É engraçado como as
manhãs são assemelháveis àquela prima chata, com quem tu sempre acabavas
brigando por causa de um brinquedo qualquer. Petulantes, irritantes, pertinentes,
inconvenientes e inevitáveis.
Eu não sei lidar com as manhãs, essa é a verdade.
E todo dia quando acordo é a mesma coisa...
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