terça-feira, 19 de agosto de 2014

Pelos Cantos


Hei de me afogar nessa xícara de chá.
Sentindo o sabor das lágrimas de ontem,
Sentindo o miocárdio engasgar vez em quando,
Sentindo a respiração já arrítmica, falhar.
Não vejo fundo nessa xícara de chá.

Hei de mastigar minha própria carne.
Pois tudo que agora a língua toca, é insosso.
Pois a textura de tudo que provo, é serragem.
Pois não há mais fome de nada em meu corpo.
E já não anseio a hora do almoço.

Hei de perambular pela vida ausente de ser,
Fazendo de minhas pernas alavanca para tijolos, quebrados.
Fazendo minha morada nas coisas sujas, escarradas.
Fazendo cama na fria lama que guarda invisíveis fardos.
Durmo de lado trincando a dentária cerrada.

Hei de morrer de amores não consumados,
Lutando contra o common sense dos mais ansiados.
Lutando internamente com sentimentos bestificadores.
Lutando eternamente por meus mais-de-mil humores.
Brigo comigo e sigo amando escondido...

Pelos cantos.

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