quinta-feira, 19 de março de 2015

Cama de Pedra

- Fiz-me alheio aos correrios,
olho os mares de gente e os repudio.
Incompreensíveis passos em direções dispersas
mais infinitas conversas, que ouço,
mas jamais entendi.
Casa do vazio
leigo aos homens
aceita o desafio
agora já tarda.

Abismo sem ré
de tédio morri
estático e só
sendo todo nada.

Madrugada adentro
garganta rasgada
toda manhã chora
ignorada e falha.

Agora fico,
a sós suplico
pelo fim do ócio
memória cansada.


- Assisti ao ponteiro e, progressivamente,
perdi toda e qualquer ânsia.
Era então parte do relógio,
inerte, estático e funcional;
um suspiro ocasional,
pelas lembranças que não vivi
Logo quedo em paz.


Pedindo colo
sentindo engasgo
aqui me rasgo
e fico.

Então explica
toda aquela reza
que muito se preza
ajoelha.

Depois das onze
aos passos da prole
deixo que ignore
minha dor.

Reina a vontade
rema contra o vento
conta todo o tempo
e perde.

Antes de voltar
coloca aquela saia
lembra toda vaia
e chora amor.


-Penso em todos os dias de inverno,
ao deitar-me sereno com toda saudade que sinto de ti.
Querendo viver os verões e sugar das paixões
 os porres que nunca bebi;


Suando frio
a pele escalda
já madrugada
sonha.


Agora tropeça
palavras e choro
nunca negas colo
e fica só.

Unindo agonias
frias noites acesas
nas raras lembranças
sorria dor.


Dentro da bagagem
coração estalando brasa
olho que não descansa
acorda mágoa.


Até depois do fim
pensa de tudo
chora de luto
paixão.

Do precipício
ouvia pouco
via-se louco
e corria.

Então correndo
agora abraça
sequer disfarça
amor.



-Saudade é mesmo essa cama de pedra,
berço das vertigens,
dos pensamentos todos
e sono nenhum.



(Meu amor,
como é difícil
dormir, sonhar
e seguir por aqui...
Tão longe de ti.)





(Joana ou Joaquina)

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