Entre escombros e lutos mal
dormidos eu encontrei minhas ruínas e todas as mentiras que contei frente ao
espelho como formas de afirmação e raízes.
Fiz frente à minha solidão sem
dar-me conta do afastamento providencial dos que tentaram entrar de forma falha
e miserável na caverna dos segredos que jamais viram os raios dos dias
nascerem.
Os prazeres furtivos, as emoções
rasas mascaradas de entrega e cumplicidade, os olhares desviados e os choros
cansados e calados que falavam, mas que nunca disseram nada.
Metamorfoseei meus dramas em
dramas de outrem e logo tudo me doía exceto o que era meu porque o que era meu
destruiria em velocidade exponencial o mundo que construí arduamente de barro,
tapumes e galhos.
Mas a enxurrada levou meu
barraco, encharcou a mobília, deixou os lençóis já puídos imundos de lama e
caos. Os gatos não entenderam nada, o cachorro encontrou um osso em meio aos
destroços e de meus olhos sequer uma lágrima caiu.
Eu que há tempos caí na mentira
de Carlos e que hoje sei que os ombros suportam sim o mundo, mas que o peso
jamais se equiparou às mãos de uma criança.
Fiz do meu corpo cansado martírio
de corpos alheios e sofri por cada pedra no caminho pelo qual sequer passei ou haveria
de passar. Logo criei hérnias nos ombros, torcicolos, escolioses pela coluna
vertebral e bursite nos quadris.
E tem ainda essa maldita enfermidade das vias aéreas que volta e meia me surra, esfregando minha cara no asfalto dos lamentos e gritando minhas síndromes e pretensões estúpidas demais tão alto que meus tímpanos não aguentam. Meus ouvidos.. nesses dias meus ouvidos expurgam uns sem fins de frustrações e desesperos.
E tem ainda essa maldita enfermidade das vias aéreas que volta e meia me surra, esfregando minha cara no asfalto dos lamentos e gritando minhas síndromes e pretensões estúpidas demais tão alto que meus tímpanos não aguentam. Meus ouvidos.. nesses dias meus ouvidos expurgam uns sem fins de frustrações e desesperos.
Mas eu entendi sim o que Carlos quis dizer quando
no escuro do quarto fitei teus olhos a resplandecerem, enormes e caleidoscópios, presentes
e universais... Olhos instantes.
Entendi que seríamos nós os delicados a
preferirem morrer, mas que apesar e porém, também haveríamos nós de estarmos e
resistirmos por termos insignificantemente entendido que sim, a vida é uma
ordem...
A vida apenas, sem mistificação.
(João Augusto)
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