sexta-feira, 23 de março de 2012

Listen..

Faça um favor, uma boa ação. Empreste um ouvido ou dois. Não é necessário prestar atenção se enganares bem a quem escutas; alguém que há tempos labuta, de mãos calejadas, pés já cansados e histórias-em-metro para desenrolar.
Gente precisa de gente. De ombro, mão, braço e abraço, ouvido e olho-no-olho, sorriso e palavras açucaradas, de algum afeto… calor humano mesmo o corpo não passando dos trinta-e-seis graus Celsius.
Deixe o velho bêbado falar, a velha trêmula na parada de ônibus, o segurança da casa noturna, o viúvo que traz a amada na urna;  ou então o dono do bar, a diarista com os filhos pra criar cujo marido fugiu com outra deixando as contas pra pagar; o escritor mau-sucedido que por dramas mau-resolvidos já tentara se matar; a menina que encontrou um louva-deus no jardim ou o garoto que sofre dores-de-amores sem fim.
Saber ouvir, bem como, saber falar.
Uma troca de olhares ou um sorriso bem dado podem melhorar o dia de alguém... mas, ouvir esse alguém pode mudar mais; tanto ao falante quanto ao ouvinte... cabe a ambos o prazer de aproveitar a prosa, o verso, a rosa, o gesto…
E se acaso couber também um abraço, que seja sincero, pois não há troca de energias maior que essa. Abraçar alguém é acolher, é esquentar, é “vai ficar tudo bem” e também “obrigado por existir”… é um quebra-cabeça único, algo magnético, magnífico, mágico.
Felicidade é aprender com os tombos alheios algo de valioso, sensato é aprender com os nossos próprios, burrice é não aprender com nada, e por fim, é estupidez persistir no erro.
Acaso não lhe sobre nada, nunca lhe faltarão histórias, pois a vida é feita delas. Sejam boas, ruins ou irrelevantes, suas, minhas ou nossas, chatas ou fascinantes que sejam ouvidas nossas histórias.
Pois um caminhante que caminha e só, nunca há de estar sozinho se o que lhe acompanha é o próprio caminho.

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