sexta-feira, 23 de março de 2012

Rua

Gosto de caminhar pelas ruas.
Assim sem pressa, só caminhar…
Observando os passos apressados, a espera, o atraso, a briga, o semáforo, o rosto cansado, o corpo que resiste à rotina, o cansaço que abate, a tristeza que transparece, a transparência que padece, a preocupação.
As compras do mês, o consorcio que machuca o bolso, o bolso furado, o salário apertado, o mês que passa arrastado…
Dos dias de chuva às gélidas noites, olhares efusivos, lascivos, corrompidos, sofridos olhares!
O querer mais que poder e o poder que nada faz por vós, e a voz que já não se ouve, e a sós…
Caminha,
sob a luz da lua.
Sobre a luz da rua, um manto de estrelas invisíveis alimenta sonhos impossíveis aos pequenos que ainda os tem.
E o trem das horas vem brincar, brindar, a indecência das esquinas, a descrença da menina, da boneca corrompida…
“É a vida…”
É a vida?!
Gosto do silêncio das ruas à noite, da euforia das ruas de dia, dos olhares, dos lugares, dos sorrisos, dos detalhes.

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