terça-feira, 3 de abril de 2012

As Pessoas


Quão engraçadas são as pessoas; que sentem muito, que dizem pouco, que pensam tanto, que sabem nada..
Pessoas que sonham em parcelas; que anseiam mas nada fazem com seus anseios. Simplesmente querem chegar mas não querem caminhar, querem o cume mas não a escalada.
Querem e querem, tudo de tudo, mas fazem que fazem... Nada.
Quão irritantes conseguem ser as pessoas? Muito. Monótonas, fofoqueiras, cheias de não-me-toques, desmedidas, críticas demais, políticas, falsas, traiçoeiras, feias...
Porém, quão irritantemente amáveis são de fato as pessoas! Essas que dão saudade, que se quer por perto a todo custo, que se quer olhar o dia todo, abraçar desesperadamente; e logo agradeces verdadeiramente por simplesmente existirem... lindas demais.
Tão contraditórias conseguem ser as pessoas e suas razões.. Justificam-se, explicando em demasia, se contradizendo, errando constantemente sem se desculpar, sem reconhecer, sem voltar atrás, negam e continuam a errar.
Mutantes são, no decorrer de suas vivências. Mudam de cor, de gostos, de aparências; suas preferências, seus rostos, suas vestes, suas ambições, suas noções todas.. Conforme mudam as estações, metamórficos, mudam também.
Como podem as pessoas serem tantas, e tantas alheias umas as outras?! Fascinam-me suas relações e também a falta delas. O correr frenético da secretária do doutor, ante ao trôpego passeio do bêbado, lado à dura caminhada da velha viúva... Todos indiferentes, todos com suas vidas cheias e leigas, alheias a outrem.
Como podem encarceradas dentro de seu próprio egoísmo, serem tão complacentes com a indiferença?! São contrastes absurdos que por vezes doem, por vezes encantam, mas brutos contrastes que só de olhar não se alcança; desde a criança no sinal ao magnata em sua bmw, a leveza da derme que difere em negra ou caucasiana...
Todos tão diferentes, porém semelhantes, porém iguais.
Quão engraçadas são as pessoas, que dão voltas e voltas, que divagam e vagam, que pensam e tropeçam em suas próprias palavras..
Pessoas que teorizam; inquietantes, sedentas por respostas. Que perguntam e perguntam sempre as interrogações erradas; sem saber que nem toda pergunta leva interrogação; sem saber que a questão não é a resposta que se anseia, mas sim, a pergunta que se faz..
Absurdas, absortas.
Quão humanas são, por fim, as pessoas.

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