Quão engraçadas são as pessoas; que sentem muito, que dizem
pouco, que pensam tanto, que sabem nada..
Pessoas que sonham em parcelas; que anseiam mas nada fazem
com seus anseios. Simplesmente querem chegar mas não querem caminhar, querem o
cume mas não a escalada.
Querem e querem, tudo de tudo, mas fazem que fazem... Nada.
Quão irritantes conseguem ser as pessoas? Muito. Monótonas,
fofoqueiras, cheias de não-me-toques,
desmedidas, críticas demais, políticas, falsas, traiçoeiras, feias...
Porém, quão irritantemente amáveis são de fato as pessoas!
Essas que dão saudade, que se quer por perto a todo custo, que se quer
olhar o dia todo, abraçar desesperadamente; e logo
agradeces verdadeiramente por simplesmente existirem... lindas demais.
Tão contraditórias conseguem ser as pessoas e suas razões..
Justificam-se, explicando em demasia, se contradizendo, errando constantemente
sem se desculpar, sem reconhecer, sem voltar atrás, negam e continuam a errar.
Mutantes são, no decorrer de suas vivências. Mudam de cor,
de gostos, de aparências; suas preferências, seus rostos, suas vestes, suas
ambições, suas noções todas.. Conforme mudam as estações, metamórficos, mudam
também.
Como podem as pessoas serem tantas, e tantas alheias umas as
outras?! Fascinam-me suas relações e também a falta delas. O correr frenético
da secretária do doutor, ante ao trôpego passeio do bêbado, lado à dura
caminhada da velha viúva... Todos indiferentes, todos com suas vidas cheias e
leigas, alheias a outrem.
Como podem encarceradas dentro de seu próprio egoísmo, serem
tão complacentes com a indiferença?! São contrastes absurdos que por vezes
doem, por vezes encantam, mas brutos contrastes que só de olhar não se alcança;
desde a criança no sinal ao magnata em sua bmw, a leveza da derme que
difere em negra ou caucasiana...
Todos tão diferentes, porém semelhantes, porém iguais.
Todos tão diferentes, porém semelhantes, porém iguais.
Quão engraçadas são as pessoas, que dão voltas e voltas, que
divagam e vagam, que pensam e tropeçam em suas próprias palavras..
Pessoas que teorizam; inquietantes, sedentas por respostas. Que
perguntam e perguntam sempre as interrogações erradas; sem saber que nem toda pergunta
leva interrogação; sem saber que a questão não é a resposta que se anseia, mas sim,
a pergunta que se faz..
Absurdas, absortas.
Quão humanas são, por fim, as pessoas.
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