Acordei. Senti a retina seca e as pálpebras inchadas, senti
as olheiras e o salgado dos lábios, senti a garganta arranhada e as narinas
nulas. Ouvi o mundo e quis botar no mudo, ouvi o relógio e meu organismo todo a
reclamar, e os carros e pássaros apressados pelo sol que raiava...
Acordei. As seis horas e quinze minutos neguei o dia que
vinha me buscar, neguei o despertador explicando a dor que sentia por tudo e
por nada, neguei os deveres e as necessidades, neguei até o cigarro; e fiquei.
Abracei o travesseiro como terno amigo que sempre foi, analisei as paredes
testemunhas de todo horror e por fim encarei a janela que ineficiente deixou os
primeiros raios de sol entrarem...
Acordei. A noite ainda doía em mim, a dor intrínseca que sempre foi minha e volta vez em quando sem explicar-se, sem responder minhas perguntas, sem cordialidade qualquer. Com o tempo aprende-se que beber não soluciona, que fumar não funciona e que droga nenhuma espanta essa imperativa vontade ao choro.
Acordei. E, pela primeira vez não neguei o engasgo e deixei que a depressão me dominasse, me cobrisse, me encontrasse, me despisse... Chorei. Peguei a tristeza e dancei, dancei esse tango ritmado, esse gosto amargo que de certa forma me pertence como eu, que a ele pertenço também.
Acordei.
Ontem eu era triste...
Hoje também.
Acordei. A noite ainda doía em mim, a dor intrínseca que sempre foi minha e volta vez em quando sem explicar-se, sem responder minhas perguntas, sem cordialidade qualquer. Com o tempo aprende-se que beber não soluciona, que fumar não funciona e que droga nenhuma espanta essa imperativa vontade ao choro.
Acordei. E, pela primeira vez não neguei o engasgo e deixei que a depressão me dominasse, me cobrisse, me encontrasse, me despisse... Chorei. Peguei a tristeza e dancei, dancei esse tango ritmado, esse gosto amargo que de certa forma me pertence como eu, que a ele pertenço também.
Acordei.
Ontem eu era triste...
Hoje também.
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